O destino pesado das crianças

Há uma cena no filme “A Escavação” (Simon Stone, Netflix) em que Robert Pretty, com cerca de 8 anos, está com raiva por não poder fazer nada por sua mãe doente e à beira da morte: “Quando meu pai morreu, todos disseram que eu devia cuidar da minha mãe e eu fracassei”.

Os adultos dizem coisas para animar os pequenos e não percebem que as crianças não têm a capacidade cognitiva de relativizar as informações que recebem. Por amor aos pais, a criança é capaz de dar a sua vida já que, nesta fase, são tudo para ela. Sem os pais, sem vida.

Frases como “Agora, você é um homenzinho da casa”, “Você fica no lugar da mamãe e me ajuda”, “Você tem que cuidar do seu irmão por ser o mais velho”, "Continuo a viver por você está aqui" tornam-se pactos para a criança, responsabilidades que ela assume por toda a vida e a prejudica, depois, na vida adulta. São tarefas grandes demais atribuídas de forma abusiva, ainda que sejam dadas com inocência pelos mais velhos.

Sensação de fracasso e impotência, necessidade de salvar todos à sua volta, sensação de culpa, insatisfação, raiva, relações difíceis com o dinheiro e com o relacionamento afetivo são alguns dos problemas que podem surgir mais tarde, além de uma dor profunda de não poder seguir com a própria vida.

Os filhos abrem mão, mas esse sacrifício não deveria ser solicitado a eles. Cada um precisa carregar o peso do seu próprio destino. Os pais são grandes e o filhos são sempre pequenos. Pais adultos dão conta de suas dificuldades e deixam suas crianças livres para seguirem seu próprio caminho, para passar a vida adiante com leveza e livre da necessidade de fazerem dos próprios filhos o seu apoio.

Conscientize-se das falas com as crianças à sua volta para não aprisioná-las em funções que jamais poderiam executar em tenra idade.

Mas se você é um adulto que sofre com esses problemas, saiba que é possível desfazer os pactos da infância em uma sessão de Constelação Familiar Individual. Agende seu horário.

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